30 novembro 2005

Venezia



Numa carta (1907) à sua irmã escreveu Rainer Maria Rilke a propósito de Veneza:
“Its marble is ashen, a pallid grey, as luminous as the edge of a coal that has just stopped smoldering. How inexplicable are the red of the walls and the green of the shutters; so restrained and yet impossible to ignore; it is the past, but in the fullness of flight; it is so pale, just as people turn pale as their emotions increase.”
Palavras perfeitas!

28 novembro 2005

requiem por uma árvore...

Dixi!

24 novembro 2005

abyssus abyssum invocat




o apelo do abismo...

excepção: uma foto de mim e não por mim...

23 novembro 2005

Ilha Terceira...


Ilha Terceira, Açores


Chamateia (tradicional - Ilha Terceira)

No berço que a ilha encerra
Bebo as rimas deste canto
No mar alto desta terra
Nada a razão do um pranto
Mas no terreiro da vida
O jantar serve de ceia
E mesmo a dor mais sentida
Da lugar a sapateia
Se a sapateia não der
Pra acalmar minha alma inquieta
Estou pro que der e vier
Nas voltas da chamarrita
Chamarrita , sapateia
Eu quero é contradizer
O aperto desta bruma
Que as vezes me faz vencer
Ó meu bem ó chamarrita
Meu alento e vai e vai
Vou embarcar nesta dança
Sapateia... Ó meu bem

22 novembro 2005

presque nuit...



os meus olhos beijam-te 'mon petit soleil'

20 novembro 2005

a invenção da cor...


comprimentos de onda de radiação electromagnética visível

18 novembro 2005

Viagens na minha terra...

06 novembro 2005

MIIIAAAUUUUUU!!!



Gato (Alexandre O'Neil)

Que fazes por aqui, ó gato?

Que ambiguidade vens explorar?

Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?

Qual o crime de que foste testemunha?

Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?

Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

Pontes

Estas são as pontes que se trajam de violeta no baile do fim do dia...

Ponte Carlo, Praga

Ponte Vecchio, Florença

04 novembro 2005

Affectio tenendi



Desde que era pequena pensava muito em nuvens e olhava muito para o céu para ver como elas se metamorfoseavam... adorava ver as cores, as luzes, as sombras e as formas tão diversas que elas assumiam... Prometia a mim mesma, que quando fosse maior iria fotografá-las e registá-las para sempre. A verdade é que fotografei muito menos do que aquelas que me comoveram, mas mesmo assim o álbum é considerável...
Hoje partilho uma delas com vocês... uma que me faz sentir bem. Têm que ver que é mesmo muito bela!
Espero que também tenha esse efeito sobre vocês!

01 novembro 2005

No teu poema




Gosto muito de poesia, da construção única do brincar com as palavras... Essa deve ser uma das razões para gostar tanto de fado. Muitas dessas canções recorrem a textos realmente fabulosos da autoria de renomados autores como David Mourão Ferreira, Manuel Alegre, Ary dos Santos, entre muitos outros, elevando a qualidade final da obra.
O texto que se segue é um dos meus preferidos e é muitas vezes lembrado pela sua associação à música nas vozes de Carlos do Carmo ou de Simone de Oliveira. Para quem gosta deste género, recomendo a audição das músicas. Ou então... deliciem-se apenas com as palavras!



No teu poema

existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.

José Luis Tinoco